terça-feira, 17 de junho de 2008

A MAGIA DA BAHIA E DA CAPOEIRA

ABAIXO ESTÁ UMA CARTA DE UMA ALUNA AMERICANA, DO NÚCLEO CTE CAPOEIRAGEM SALVADOR.....


Capoeira e Ela

Ela começou como admiradora. Batia palmas, cantava o coro, tirava fotos...Achou essa arte a coisa mais linda e mais difícil que já tinha visto. ¨Não era feita pra mim, ou eu pra ela¨, ela pensava. Era algo que as outras pessoas na vida dela faziam. Não era parte
da realidade dela. Parecia complicado. Nem falava português.
Só que a Bahia a chamou por outros motivos. O samba, o forró, as praias, o clima, a língua...enfim, férias e uma nova experiência cultural. Ela chegou e ficou apaixonada. A Bahia era a resposta para uma pergunta que nem ela sabia que tinha feito. Não sabia que existia um lugar que ia fazê-la sentir-se...ELA.
Logo tudo mudou. A capoeira a abraçou. Pouco a pouco. Primeiro só olhava. A capoeira estava em todo canto. O ritmo do atabaque era contagiante. O berimbau, o som perfeito. A energia da roda, inspiradora. Perdeu o medo. Decidiu começar. Mas onde? Quando? Com quem?
Foi quando ele apareceu. Simples, óculos, humilde. Sorria facilmente. ¨Tem aula pra iniciantes, mestre?¨, Ela perguntou, parecendo uma criança no primeiro dia de aula. Ele olhou pra ela e quando falou, ¨ com certeza¨ ela sabia que tinha encontrado seu mestre.
Começou a treinar com ele. Adorou. Sentia dor todo dia durante uma semana. Amava a sensação. Gingava, gingava, gingava. Parece que a ginga foi feita pra ela. O ritmo, o balanço, a graça.
Os treinos eram quase uma meditação pra ela. O treino deixava sua mente clara. Pensava só nas esquivas. A posição do braço. A mão toda no chão. Usava a energia que sobrava do dia pra fazer abdominais. Suava muito. Saía da aula renovada e feliz.
Ela descobriu uma nova comunidade. Uma nova família. Outro mundo. Como era a vida dela antes? Não lembrava. Agora estava tudo bem, tudo em equilíbrio.
Parece que o mestre também foi feito pra ela. Ele a adotou. Cuidou dela. Deu apoio. Mostrou pra ela o que era disciplina, dedicação, paciência.
Talvez se não o tivesse conhecido, tudo teria sido diferente. Talvez nem tivesse ficado morando em Salvador.....Melhor não pensar nisso. Melhor só agradecer.

As coisas mais inesperadas na vida são as melhores.


Gabriela Casal
Salvador, Bahia
Abril 2008