Meio Século de Capoeira
Virgílio Maximiano Pereira, o popular Mestre Virgílio, recebe nesta segunda-feira, na Câmara Municipal de Salvador, uma homenagem aos seus 50 anos de capoeira. A Sessão Especial será realizada a partir da 18:00 no auditório do Centro Cultural da Câmara e contará com a presença de diversos mestres antigos da ABCA (Associação Brasileira de Capoeira Angola). Fundada em 1989, a ABCA atua na defesa a promoção da capoeira tradicional baiana, e tem Mestre Virgílio como seu presidente.
Mestre Virgílio foi iniciado na capoeira angola por seu pai, o célebre Mestre Espinho Remoso, na década de 50, na Jaqueira do Carneiro, atrás do Retiro. "Ele não tinha escola de capoeira, tinha um quiosque e dia de domingo todos os amigos dele iam lá jogar" relata Mestre Virgílio. Tendo treinado brevemente com Mestre Caiçara, Virgílio recebeu o título de Mestre de Capoeira Angola das mãos do finado Mestre Paulo dos Anjos, discípulo de Mestre Canjiquinha. Após o falecimento de seu pai, ele começou a dar aulas de capoeira na comunidade da Fazenda Grande do Retiro.
Há mais de 30 anos, desenvolve um trabalho social na Escola Profissional 1º de maio, na Fazenda Grande do Retiro. Em relação à homenagem, alegria e reservas:"Homenagens são boas, mas passam. Eu preciso hoje é de uma aposentadoria honesta pra levar o resto de minha vida". A fala de Mestre Virgílio denuncia a sina dos antigos mestres de capoeira, reverenciados em seu auge e abandonados na velhice. Mestre Pastinha, em 1980, seu penúltimo ano de vida, cego, já denunciava: "A capoeira de nada precisa. Quem precisa sou eu!". O registro da capoeira angola como patrimônio cultural brasileiro fortalece uma antiga bandeira de luta da ABCA, a aposentadoria especial para os antigos mestres, além do reconhecimento do seu notório saber para que possam dar aulas em escolas e universidades.
Quem quiser ver mestre Virgílio jogar a capoeira tradicional, que depois da criação por mestre Bimba da capoeira regional, em 1930, passou a ser chamada de capoeira angola, vá à sede da ABCA, na Rua Gregório de Mattos, 38, no coração do Pelourinho. Virgílio com seus velhos companheiros, como mestre Bigodinho, Nô, Boca Rica, Ângelo Romano, Pelé da Bomba, Augusto Januário, Pelé do Tonel, Raimundo Dias e tantos outros, mantém a tradição dos cantos e dos toques de berimbau, na formação da bateria e nos rituais da capoeira-mãe.
Todas as SEXTAS FEIRAS ÀS 19 HS.Paulo A. Magalhães Fº - DRT 11.374
Lucia Correia Lima - DRT 1046